Três Vassouras

Come up to meet you, tell you I'm sorry You don't know how lovely you are I had to find you, tell you I need you And tell you I set you apart Tell me your secrets, And ask me your questions Oh let's go back to the start Running in circles, Coming in tails Heads on a science apart Nobody said it was easy It's such a shame for us to part Nobody said it was easy No one ever said it would be this hard Oh take me back to the star ------------------------------------------------------- ♥

Já estava ficando cansada de esperar meus primos. Havíamos combinado de nos encontrar no Três Vassouras, mas já havia passado mais de meia hora do horário combinado. Não era a primeira vez que faziam isso, e eu começava a desconfiar que fizessem exatamente para me irritar. De modo que sem muita etiqueta não os esperei para começar a tomar umas cervejas amanteigadas.

- Por Merlin, Sawyer! De onde você surgiu? Das trevas? – perguntei levemente alterada com o surgimento repentino de meu primo. Peguei alguns guardanapos e tratei de secar a mesa, tamanho foi meu susto que derrubei toda a cerveja amanteigada de minha caneca. – Devia ter mais sutileza ao aparecer... – resmunguei ainda irritada. – Mas e ai? Cadê os outros dois? – tratei de procurar por cima de seus ombros se Juliet e August estavam chegando, esqueci até das normas de boa e educação e sequer perguntei se estava bem. Mas somos primos, o que dispensava todas essas frescuras.

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COME ALONG, MY FRIEND

Fazia um bom tempo que não aproveitava seu tempo livre para sair com os primos. Na verdade, podia apostar que a última vez em que os quatro Nott estiveram juntos no mesmo ambiente foi justamente numa cabine, na viagem do Expresso Hogwarts, em setembro. Por isso, Sawyer não pensou duas vezes quando August contou-lhe a respeito da pequena reunião marcada no Três Vassouras, no final de semana de visita a Hogsmeade.

Quando avistou os cabelos loiros de Abigail em uma das mesas do pub, fez o maior esforço para não ser visto ou ouvido, dando a volta no salão para aproximar-se pelas costas dela e assustá-la. "Não vá com tanta fé na cerveja, Abby." O susto da prima compensou totalmente o esforço. "Da próxima vez tento usar um feitiço da desilusão. Talvez seja mais interessante." Comentou com ar divertido, sentando-se na cadeira livre a frente da gryffindor. "Não faço ideia. Cheguei dentro do horário, não me atrasei, como vocês sempre dizem que faço." Fez questão de ressaltar a própria pontualidade. "Quantas dessa já tomou? Cinco? Não acredito que está enchendo a cara tão cedo, prima." Balançou a cabeça e olhou-a com ar de reprovação enquanto acenava para o garçom e pedia para si uma cerveja amanteigada também. "Deixe-me ao menos acompanhá-la. Não há nada pior do que beber sozinha." E sorriu de forma simpática, como poucas vezes conseguia ser.

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Até que tentei segurar a risada, mas a convicção que Sawyer mantinha ao dizer que estava dentro do horário me impediu de manter a feição séria. Não sei ao certo que horário August combinou com ele, mas certamente não foi o mesmo que combinou comigo. – Estou esperando faz mais de meia hora, então tenho certeza que você não está no horário! – avisei meio exaltada, tentando recuperar o fôlego da risada. Estava de bom humor, de modo que não me estressei com a brincadeira sobre encher a cara.

- Cinco não, foram quatro. Já que a quinta eu derrubei quando você resolveu dar uma de engraçadinho. – corrigi entrando na brincadeira e apontando para o amontoado de guardanapos no centro da mesa, onde caíra toda minha cerveja amanteigada. Lógico que eu também não havia bebido quatro copos de cerveja, afinal, ainda não havia chegado a este estágio de alcoolismo. Era tudo brincadeira. – Mas e ai, Sawyer? Como vai essa força? – finalmente perguntei levantando meu copo e propondo um brinde qualquer.

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COME ALONG, MY FRIEND

Assim que Abby revelou que estava esperando há mais de meia hora, deixando claro que Sawyer estavam mais uma vez atrasado, ao contrário do que acreditava, fez com que o ravenclaw olhasse rapidamente para o relógio e tentasse se lembrar da conversa que teve com August, quando o primo lhe fez o convite. "Ao menos não sou o último a chegar, já é alguma coisa." Deu de ombros, agradecendo ao garçom que lhe trouxe uma cerveja amanteigada, olhando para o amontoado de guardanapos no meio da mesa que serviam para enxugar a bebida derramada pela prima. "Quer que eu peça outra para você, então?" Quis saber. Não custava ser educado e oferecer outra para ela, certo? Afinal de contas, foi Sawyer quem a fez derrubar a cerveja. "Por minha conta." Insistiu, caso a loira resolvesse negar a oferta.

Chamou mais uma vez o garçom - outro, desta vez, é claro, para ninguém resolver cuspir ou colocar meleca de nariz na bebida por achar que estava send cobrado demais - e virou-se para Abby com um leve sorriso no rosto. "Você sabe, sétimo ano, N.I.E.M.s, sobra pouco tempo para ver os amigos ou ter algum tempo livre." Começou a falar, tomando um gole de sua cerveja, limpando a espuma que ficou nos lábios, uma espécie de bigode branco. "Ainda mais quando tenho que estudar como nunca para conseguir boas notas e estudar Medibruxaria." Depositou a caneca na mesa, espiando para ver se o garçom já havia retornado. "E você, Abby? Tenho certeza que já sabe que profissão quer. Ou pretende jogar quadribol profissionalmente? Não seria nada mal, você é uma excelente batedora. Digo por experiência própria, claro." Nunca tinha levado tantos balaços na vida quando jogava no time adversário de Abby, nas férias de verão.

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Sawyer era um cara muito educado, assim como todos os Notts eram. Sobrevivemos desde pequenos a uma educação bastante rígida, dessas bem tradicionais e até machistas. De modo que não me surpreendi por ele ter insistido em me pagar outra cerveja amanteigada depois de ter derrubado a minha, mesmo que sem a intenção. – Obrigada, primo... – agradeci enquanto ele a um outro garçom que trouxesse a minha bebida.

Sorri um bocado convalescente quando comentou sobre o N.I.E.M.S. Entendia muito bem o que ele estava passando, também estava no último ano e sabia quanto devia estar estudando para conseguir passar com notas boas no teste, ainda mais querendo seguir uma carreira tão difícil quanto medibruxaria. – Ainda não entendo como gosta de medibruxaria. A ideia de consertar outras pessoas é um bocado estranha... – comentei sorrindo, tentando não parecer grosseira. Vovó sempre me disse que gosta é algo que não se discute e eu sempre levei isso muito a sério. – Não, acho que não seguirei carreira no quadribol. Mas agradeço o elogio. – sorri, modéstia a parte eu era muito boa em derrubar as pessoas da vassoura. E desde que pegamos o hábito de jogar quadribol durante as férias, meus primos ficaram bem cientes do fato. – Acho que vou tentar ser auror ou professora de voo de Hogwarts mesmo. Não decidi muito bem. – dei de ombros, já estava mais do que na hora de eu decidir, mas continuava procrastinando a decisão.

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COME ALONG, MY FRIEND

Sorriu para Abby quando ela aceitou sua cerveja. Era o mínimo que podia fazer depois de fazê-la derrubar quase todo o conteúdo da sua bebida. Um novo garçom trouxe a caneca espumante em poucos minutos, e agora ambos podiam beber enquanto falavam se seus futuros acadêmicos. "Gosto dessas coisas, principalmente porque gosto muito de poções." Era até engraçado como cada Nott tinha um ponto forte quando se falava a respeito dos estudos. Sawyer, por exemplo, tinha uma antiga paixão pela arte de fazer poções. "Faz bem. O tio ficaria maluco se soubesse que você pensou em jogar quadribol como forma de ganhar a vida." Comentou, rindo baixinho e tomando um gole de sua cerveja. Archibald Nott era um homem muito tradicionalista quando se tratava de profissão, ainda mais a da única filha.

"Auror é uma boa ideia. Você é muito boa com duelos. É claro que deve ser bem mais perigoso do que trocar azarações com alguém, mas é alguma coisa, não?" Ergueu sua caneca enquanto mostrava o seu ponto de vista. Quantas vezes não tinha visto Abby duelando com algum aluno no meio dos corredores? Geralmente Sawyer e o restante dos primos corriam para ajudá-la, mesmo quando ela não era a pessoa mais correta da situação. Era pra isso que a família servia. O ravenclaw então começou a achar que estava começando a elogiar Abigail por demais da conta. "Vou parar de enfatizar suas habilidades por aqui, ou seu ego vai começar a me sufocar." Brincou, exibindo um sorriso torto no rosto enquanto baixxava o olhar para a mesa de madeira e tomava mais um gole de sua cerveja.

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- Estava até estranhando tantos elogios... – comento sorrindo após meu primo dizer que pararia de elencar minhas qualidades. Sawyer era muito mais agradável quando Juliet e August não estavam presentes, isso porque quando juntavam os três sempre inventavam de zoar minhas supostas origens duvidosas. Eram sempre os mesmos argumentos, meus cabelos claros diferentes de todos da família, minha ida a Grifinória e toda essa besteira que já cansei de ouvir. Não que eu me irritasse com tudo isso, na verdade já estava tão habituada que nem me importava mais e apenas levava na brincadeira. – Mas fique tranquilo, não contarei a Juliet e August que você é meu fã numero um! – brinco dando uma piscadela, como se estivesse selando um acordo.

Dou um gole de minha cerveja olhando rapidamente para o relógio, os dois primos restante estavam mais atrasados do que havia previsto. Costumo prever o atraso de meus três primos sempre que combinamos de nos encontrar, isso porque depois de dezessete anos de convivência acabei me convencendo que não adiantava esperar pontualidade deles. Devia ser alguma herança genética que eu não herdei, graças a Merlin. Sawyer era sempre o mais atrasado, e até me surpreendeu em ser o primeiro a aparecer, mesmo que ainda não estivesse na hora. – E aproveitando que os dois não chegaram e você não terá uma plateia para se vangloriar, admito que é mesmo muito bom com poções. Não conte para ninguém, mas só passei no N.O.M.S por ter colado duas questões da sua prova. – admito dando risada, desconfio que ele já soubesse. Lembro até de Sawyer ter levantado sua prova, acredito que era para que eu pudesse enxergar melhor. – Sua mãe vive dizendo que você ainda vai ser diretor do St. Mungus. Ela tem muito orgulho de você... – todos os eventos de família a mãe de Sawyer fazia questão de dizer o quanto o filho era inteligente, e eu só não me irritava porque ela era minha tia. Parecia até que ela queria mostrar que Sawyer era melhor do que eu ou meus primos.

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"Obrigado." Agradeceu com um leve sorriso, erguendo a caneca de cerveja que já estava pela metade e acenando com a cabeça para a prima. "Quando estiver precisando de algum reforço em poções, pode me chamar, não terei nenhum problema em repassar a matéria com você e assistir seu caldeirão explodir. Na verdade, seria uma experiência muito divertida." É claro que não poderia deixar passar a chance de rir um pouco com as vezes em que Abby deixou seu caldeirão explodir durante as aulas de poções, ou até mesmo quando suas poções soltavam uma fumaça densa e suspeita, como daquela vez no quarto ano, quando metade da turma caiu no sono porque Abigail havia colocado mais casquinhas de presas de cobra do que o necessário. Na verdade, a necessidade de trazer aquele assunto a tona vinha da certa estranheza de tantos elogios que estavam trocando um com o outro. Nada fora do comum, é claro. Não custava nada elogiar as qualidades de um membro da família, fazê-lo se sentir valorizado, mas quando se tratava dos Nott mais novos, aquilo poderiam ficar um pouco estranho, afinal, um sempre sacaneava o outro. Já o tinham deixado careca, por Merlin! "Mas falo sério quanto as aulas. Assim você não precisará colar. Não que eu não possa de passar algumas questões, claro." Acrescentou, balançando a cabela positivamente enquanto falava e bebia um pouco da cerveja.

"Minha mãe acha que eu sou feito de ouro." Ironizou. Todos sabiam o quanto Calliope Nott podia ser cheia de cuidados com o filho mais novo. Sawyer sabia o quanto a mãe o valorizava e tentava fazer com que se sentisse importante e querido, mas concordava que Calliope tendia ao exagero em quase todas as vezes que falava do caçula em público. "Lembra daquela vez, quando a gente devia ter uns... dez anos, acho, e minha mãe resolveu mostrar pra todo mundo na reunião de família como eu tinha aprendido a tocar piano? Ela disse que eu seria o próximo Chopin, e deu no que deu." E então começou a rir, lembrando-se da performance desastrosa e extremamente desafinada daquele dia, que virou motivo de piada na família.

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- Sua mãe é meio... maluca. – termino a frase um pouco incerta. Não tenho a intenção de ofender Sawyer, mas não tinha como negar que tia Calliope tinha uns parafusos a menos. Vivia se vangloriando sobre o filho mais novo, até mesmo quando nem tinha do que se vangloriar e aí acabava passando vergonha, que nem da vez em que ficou insistindo que Sawyer era o maior gênio do piano da atualidade. Não nego que dei risada até o estômago doer quando meu primo não conseguiu nem concluir uma musica, e que nem me preocupei em disfarçar. Éramos ainda muito novos, por volta dos dez anos, de modo que minha falta de delicadeza podia ser desculpada pela falta de idade.

- Esse dia ainda foi normal. – quando vejo a chance de rir de meus primos, agarro com unhas e dentes. Isso porque se eu não estiver fazendo a piada, então eu serei a piada. Ao menos é essa a dinâmica que nós quatro adotamos desde pequenos. Alguém sempre tem que ser o motivo das nossas risadas, e antes um dos três do que eu. – Lembra quando tínhamos seis anos e ela estava decidida que você já demonstrava magia? – não consigo controlar a risada que surge só de me lembrar do ocorrido. Assim, minha frase sai meio abafada pela risada, poucos conseguiriam entender o que eu dizia. – Ela te jogou da janela, pensando que você levitaria! – a cena de Sawyer caindo da janela do segundo andar direto no canteiro de flores da vovó é uma daquelas cenas que, se eu tivessse uma penseira, guardaria para jamais esquecer.

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COME ALONG, MY FRIEND

O comentário de Abby a respeito da sanidade da mãe de Sawyer o fez rir, o que parecia ter trazido um alívio para a loira, visto que instantes antes ela ostentava uma expressão tensa logo ao dizer que Calliope era meio maluca. "Sabe, eu não discordo de você." Falou, inclinando o corpo para frente e apoiando os braços em cima da mesa de madeira. "Como poderia ser um dia anormal, então?" Quis saber, um tanto quanto desconfiado e erguendo uma sobrancelha ao tentar imaginar que exemplo de anormalidade poderia estar passando pela cabeça da loira naquele exato momento. Bastou lembrar do episódio em que Sawyer foi jogado pela janela do segundo andar pela própria mãe, que acreditava que o filho já estava demonstrando o uso de magia, que o ravenclaw balançou a cabeça negativamente, como quem se dava por vencido. "Por favor, não me lembre desse dia. Quebrei a perna caindo naquele canteiro de flores." Pediu, enquanto Abby simplesmente não parava de rir ao relembrar do acontecido. "Não sei o que ela tinha na cabeça quando fez isso. Se tivesse me jogado de mais um andar, eu não estaria vivo." Não duvidava nada disso. A queda tinha sido bastante dolorida, veja bem.

"Você acha que eles vão vir?" Quis saber, olhando para o relógio. Já tinha passado cerca de vinte a trinta minutos desde que havia se sentado naquela mesa com Abby. "Estou começando a ficar com fome. Não quer pedir alguma coisa pra gente comer? Não almocei direito." Perguntou, olhando ao redor para ver o que as outras pessoas estavam comendo. Invejar e agourar a comida alheia era com ele mesmo. "Eles não podem reclamar que começamos sem eles. Estão demorando bastante." Acrescentou, virando o rosto rapidamente para a prima para uma observação que, ao seu ver, era muito relevante.