Quarto Laurousen

DRESSING - QUARTO LAUROUSEN - ST. MUNGOS

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             Crown On The Ground

Estava curtindo a praia em L.A. e levei um susto quando meu celular tocou. Eu não queria atender, para não acabar com um único momento de relaxamento que estava tendo, na semana inteira.
Havia procurado Lice por todos os cantos, debatido com a mãe dela alguns possíveis lugares onde ela poderia estar e não havia chegado a lugar nenhum. Ela não tinha levado o celular e tanto eu, quanto Lucian, a mãe dela e a irmã havíamos ficado meio chocados com as cartas. Elas davam a entender que ela havia fugido ou... Ou pior. Todos nós procuramos por ela e não a encontramos. Lissa insistia em que ela não queria ser encontrada, e, para falar a verdade, acho que estava certa. Mas eu nunca parei de procurar.
Com exceção desta tarde. Era um dia de semana, mas estava de folga. A areia, o sol, o mar, eles sempre me ajudavam a pensar melhor. Por isso coloquei um biquíni e fui para a praia. Havia passado uma hora quando meu celular tocou. Jon. Atendi.
Que saco. O que você quer?
Ele perguntou se eu estava bem, porque ele havia recebido uma ligação do St. Mungos, já que ele era o nome que eles tinha como ''responsável pelo quarto'', dizendo que havia uma tal de Alice Laurousen no quarto da nossa família. Levantei em um pulo e disse que ligava para ele mais tarde. Alice! Não poderiam existir duas Alices! Corri para casa, troquei de roupa e fui imediatamente para o hospital.
Chegando lá, subi os degraus correndo e abri a porta do nosso quarto. Caminhei devagar para perto da cama e vi Lice, a minha amiga mesmo, deitada ali. Ela não estava acordada, por isso, um médico me explicou tudo o que havia acontecido e como ela estava agora. Eu não acreditava que ela tivesse se jogado da Torre Eiffel, simplesmente não conseguia acreditar. Dei uma volta pelo hospital, incapaz de ficar parada ali, vendo-a naquele estado, porque sim, ela estava fisicamente muito mal, e saí para dar uma volta.
Passei em uma loja e comprei um ursinho de pelúcia para quando ela acordasse. Eu pensava no bebê. Ele não tinha morrido. Mas ela tinha tentado... Decido não tirar conclusões antes de falar com ela.
Um mês havia passado rápido, era o que eu pensava, enquanto estava sentada na poltrona, ao lado dela, olhando para tela do meu celular. Pensava se deveria ou não ligar para Lissa e Lucian. Alice não havia dito seu nome verdadeiro, provavelmente não queria alertá-los sobre o fato de estar viva.
Escuto uma voz baixa e viro para a cama. Ela acordou. Ela está falando comigo. E gostou do ursinho.
Achei que ia gostar. Um presente para o bebê.
Tento analisar a reação dela à estas palavras, mas não entendo sua expressão.
Sei que não quer falar disso, mas... Eu aviso sua mãe? Ela está terrivelmente triste, desde que você desapareceu. Lucian também. Todo mundo, na verdade.
Mantenho a voz baixa. As garotas, todas, queriam saber onde ela estava. Alice desapareceu e o que ficou foi a certeza de que ela era muito amada por todos a sua volta.

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Hospital - POST #87

Eu havia me oficializado Médica do St. Mungus há algum tempo atrás. E adoro esse trabalho, apesar de sentir falta de Hogwarts às vezes.
Paro em frente a um quarto, mas não olho o nome. Pego a ficha do paciente e vejo o que aconteceu. Acidente de Quadribol, uma grande queda. Uma enfermeira sai do quarto e me lança um olhar um tanto malicioso, falando que tenho sorte. Não me importo, realmente. E a enfermeira sai, desapontada com minha reação.
Finalmente dou uma olhada no nome do paciente. Ah, não pode ser. Não posso ter tanto azar assim! Outra enfermeira de plantão passa por mim.
Ei, por acaso não tem outro médico que possa atender esse paciente?
Não, você é a única que está aqui agora.
Droga. Respiro fundo e abro a porta. Ele está deitado na cama. Jon, meu... ex? Não sei, ele pirou quando descobriu algo do meu passado. Tentei falar com ele várias vezes, mas fui ignorada.
E eu ser a médica nele não é exatamente a melhor ideia.
Ahn... Eu sou sua médica, aparentemente a única no hospital agora. Você quebrou algumas costelas e um braço, a enfermeira deu uns analgésicos e você não deve estar com muita dor. Como você está se sentindo?
Tomo o cuidado de não aproximar muito dele. Eu nem sabia que ele começou a jogar Quadribol profissionalmente! Nem teve a decência de me contar...

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Hospital - POST #87

Ele age como se não me conhecesse. Parte de mim fica irritada, afinal, nós... éramos namorados. Nenhum comentário, nem nada, é como se ele quisesse me esquecer, e isso me machuca. Por outro lado, eu também agi assim, mas só porque era muito doloroso. E assim não desabo. Mas vê-lo e não poder beijá-lo, nem abraçar, conversar como nós costumávamos fazer... Dói.
Parece que ela não sofreu nenhum grande impacto, então sua cabeça está bem. Mas só por garantia, o hospital prefere mantê-lo aqui por mais alguns dias. Qualquer coisa, é só apertar o botão que uma enfermeira vem ajudá-lo.
Faço algumas anotações médicas na prancheta e estou prestes a sair do quarto, girando a maçaneta, quando percebo que não posso fazer isso. Não sou eu, e não é adequado e tenho certeza que me arrependeria se apenas saísse dali, deixando todos os problemas para trás, incluindo Jon. Deixo a porta fechada e solto a mão, mas continuo encarando a porta.
Você não me contou que tinha começado a jogar quadribol.
Não era uma pergunta. Finalmente, virei e o encarei.

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Hospital - POST #87

Jon fala que foi algo de repente e quando fez o teste, há muito tempo atrás, não esperava ser chamado.
Você deveria ter dito. É algo importante, e eu queria estar lá por você. Não saber disso, me fez sentir distante de você. E é claro que iam chamar você, é o melhor artilheiro que já vi.
Lembro do que ele tinha falado antes, que não deveria ter me ignorado. Não consigo deixar de perceber que ele não se desculpou por ter feito isso.
Por que você não me deixou explicar? No dia depois. Ou nos outros. E sinceramente, gostando? Odeio lembrar daquela noite. Eu estava bêbada, fora de mim. Nunca bebi tanto na minha vida. Eu cheguei a roubar um barco, pelo amor de Merlim! O que penso quando lembro daquela noite não é exatamente o quão legal foi aquilo. Mas também não vou chorar por causa disso.

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Hospital - POST #87

Ele diz que se sentiu distante por não saber daquilo e realmente chegou a dizer "cada um com seus segredos". Exatamente isso. Tive que me controlar para não pular no pescoço dele ou algo do tipo. Fiquei com muita raiva, pela forma que ele falou, pelo que ele falou. Tudo bem uma ova! Mas então percebo que ele falou da minha namorada, não da ex, então me acalmo um pouco.
Antes que eu fale qualquer coisa o celular dele apita, com uma mensagem. E eu não acredito que ele me ignora total e lê a mensagem!
E, pior de tudo: muda total de assunto e pergunta quanto tempo tem que ficar aqui.
Respire. Respire. Respire.
Sento num sofá que tem ali, cansada de ficar em pé, até porque estou trabalhando faz um tempo e não vou sair do hospital tão cedo.
Sério, Jon? Sério mesmo?
Falo encarando ele, mas não deixo espaço para ele responder. Minha voz está calma e tomo o cuidado de não elevá-la em nenhum momento.
Você não pode simplesmente mudar de assunto e fugir disso. E claro que não está tudo bem cada um com seus segredos. Isso é péssimo. E eu sinto sua falta. E muita coisa aconteceu antes de nós sermos um nós. E se quiser, eu conto cada coisa, porque eu não minto para você, e nem escondo as coisas. Bem, tirando isso, mas não foi proposital e foi há três anos.
Lembro da última pergunta dele e respondo:
Você tem que ficar em observação por no mínimo 24h e o hospital recomenda que fique por 50h para ter certeza. Mas às vezes o corredor fica vazio.
Acrescento a última frase, porque a situação dele não é grave e dá de perceber que ele quer sair daqui o mais rápido possível.
Mas é óbvio que eu não quero que ele vá de jeito nenhum. Senti falta da gente conversando e, bom, da gente mesmo. Acho incrível eu ainda não tê-lo abraçado ou tocá-lo de qualquer forma.

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Hospital - POST #88

Ele levanta e vem até o sofá, sentando ao meu lado. A proximidade só me dá mais vontade de tocá-lo, beijá-lo e recuperar o tempo perdido. Depois de alguns segundos de completo silencio, Jon fala que não quer fugir de nada, só não sabe o que nós devemos fazer. E que sente minha falta também. É um começo.
Também não pensei que isso seria difícil. Nosso relacionamento sempre foi fácil, simples e divertido. E agora há um problema.
O que te preocupa? Sobre nós, quero dizer.
Penso um pouco sobre que noite ele estava falando.
Em Miami? Por que, exatamente?

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ENCERRADO

Hospital - POST #89

Ele ignora minhas duas perguntas. Então ele está, sim, fugindo da conversa. Sabia que ele estava. Ele diz que a gente precisa de mais tempo, sozinhos, para se divertir e essas coisas. O mais louco, é que eu concordo com ele.
Tudo bem.  Acho que vai nos fazer bem.
Ele se levanta e pega sua jaqueta, que estava fazendo não sei o que no chão e antes de sair, diz que eu posso ligar para ele e que, dessa vez, ele vai atender.
Eu levanto e Jon me pega de surpresa, abraçando-me e me dá um beijo. Eu senti falta disso.
Ele vai embora e eu fico ali por um minuto. Eu vou sentir falta dele, é claro. Já sinto. Mas talvez esse tempo separado seja algo bom. Saio do quarto também, voltando ao trabalho.

ENCERRADO

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